Os processos alérgicos são desencadeados e mantidos pelo contato entre o aparelho respiratório e uma série de substâncias chamadas alérgenos e que existem em grande parte no meio em que vivemos. Evitar ao máximo esse contato com os alérgenos reduz consideravelmente as manifestações das doenças alérgicas, e facilita o controle clínico das mesmas.
Para isso, aí vão algumas dicas importantes:
1º No quarto, colocar poucos móveis e procurar não guardar livros e/ou revistas; usar cortinas de material impermeável (ex: PVC, black-out, etc.) e lavá-las a cada 15 dias; evitar carpetes, tapetes ou cortinados.
2º Evitar bichos de pelúcia (não adianta tê-los dentro de sacos ou guardados, pois representam um local propício para a proliferação do ácaro). É importante que todos os brinquedos e enfeites do quarto sejam de material que permita lavagem com água e sabão neutro e que estejam guardados DENTRO dos móveis e nunca EM CIMA ou EMBAIXO deles. Ser ANTIALÉRGICO é o mesmo que ser LAVÁVEL.
3º A casa deve estar sempre arejada, devendo o quarto, assim como os colchões e travesseiros, serem expostos ao ar e ao sol, diariamente; os mesmos devem ter enchimento de material sintético (ex: látex, microfibra, etc.) e devem ser cobertos por forro e/ou capa antialérgica (impermeável). Limpar o quarto, diariamente, com pano úmido, nunca usar pano seco, vassoura ou espanador antes; aspirador de pó pode ser usado, mas com cuidado. A limpeza ideal deve sempre ser feita com auxílio de pano úmido. É importante evitar o uso de produtos de limpeza com cheiro forte.
4º O uso do ar-condicionado pode piorar os sintomas da alergia respiratória, pois contribui para o ressecamento da mucosa nasal, piorando a alergia. Mas o seu uso não está contraindicado, algumas medidas podem ser tomadas para amenizar este problema, permitindo assim que a criança o utilize: limitar o uso do ar-condicionado ao estritamente necessário; evitar resfriar demais o ambiente ou desligar algum tempo antes da crian?a sair do quarto o aparelho (diminuindo assim o choque térmico) e manter frequente a limpeza do filtro de ar. A proliferação de micropartículas (ex: fungos, bactérias, mofo, ácaros e vírus) é mais comum em áreas fechadas e por onde circulam grande número de indivíduos, por isso precisa-se observar as escolas e os cursos que disponham destes aparelhos em suas salas. O ventilador (seja de pé ou teto) É PÉSSIMO, pois funciona como um circulador de micropartículas.
5º Evitar animais de pelo ou pena dentro de casa. Se houver baratas, exterminá-las. A presença de fumantes dentro do ambiente domiciliar também constitui um problema para o alérgico, pois além da fumaça ser um poluente, o indivíduo que convive com um fumante (mesmo que este fume fora de casa) se torna um fumante passivo, o que dificulta o controle da sua alergia respiratória.
6º O alérgico deve também evitar o uso de perfumes e cremes com cheiros fortes. A limpeza da cavidade nasal com cotonete também pode irritar mais as narinas e piorar um quadro alérgico preexistente. Alimentos gelados assim como os banhos frios, não pioram por si só a alergia respiratória (o que piora são os choques térmicos) e devem ser evitados caso haja um quadro de infecção associado (ex: resfriados, gripes, infecção de garganta).
CURIOSIDADES:
É bom lembrar que os ácaros se alimentam de escamas de pele humana e de animais. Esses pedaços de pele morta, assim como uma grande quantidade de ácaros, se encontram em abundância nos colchões, mantas de lã, almofadas de pena ou pluma, tapetes, carpetes, sofás e pelúcias, se desenvolvendo em condições ótimas de umidade e proporcionando uma postura de 20 a 50 ovos a cada 2-3 meses. Os excrementos dos ácaros e os ácaros mortos se dispersam em poeira fina, sendo inalados e provocando (ou piorando) sintomas da alergia respiratória.
Em altitudes elevadas (acima 1.200m) os ácaros deixam de ter boas condições de vida, podendo o alérgico apresentar melhora dos sintomas da alergia respiratória nestas regiões.
Luciana Loureiro
Pneumologia Pediátrica
CRM-BA 13149