25 de maio, Dia Nacional da Adoção

25 de maio de 2018

Cada família é uma família… E algumas não começam no dia em que os filhos nascem.

A adoção não é um bicho de sete cabeças, não é um sintoma, não é uma síndrome, não existe qualquer motivo para a patologizar. No entanto, as crianças e jovens adotados podem desenvolver sintomatologia em consequência de situações de privação, abandono ou outras de natureza traumática. Por outro lado, também muitas vezes os pais tiverem que passar por um processo de luto decorrente, por exemplo, de uma situação de infertilidade e consequente abandono do desejo de constituir uma família biológica. E em relação a estas vulnerabilidades, podem aparecer questões emocionalmente mais sensíveis dos filhos que podem exacerbar as dos pais e vice-versa.

Neste caso, a terapia pode ser um recurso preventivo de eventuais ruturas futuras na adoção. Seguem-se alguns exemplos de medos habituais dos pais em fase de pré-adoção:
– Receio de não serem aceitos nem conseguirem estabelecer uma relação afetiva com o “novo filho”;
– Medo de que a criança manifeste comportamentos (ex., perturbações de sono, choro) que possam ser indício de uma rejeição ou dificuldade de adaptação ao novo espaço familiar ou, mais ainda, como uma ameaça às competências parentais, ou uma consequência direta da herança genética que a criança transporta consigo;
– Dificuldade em estabelecer uma autoridade e disciplina claras por medo de minar o afeto que a criança vai sentir ou de lhe causar ainda mais prejuízo do que o que já viveu no passado;
– Receio em relação às aprendizagens e desempenho escolar – aqui assume especial importância o conhecimento de fatores de risco na família de origem, como consumos, adições ou outros comportamentos de risco;
– Quando são adotados adolescentes os receios tendem a aumentar, pela complexidade desta fase.

A adoção pode ter em si o efeito terapêutico reparador que tem qualquer relação humana profunda e estável, permitindo que as crianças estabeleçam novos vínculos, agora com padrões de vinculação saudáveis. A criança que é adotada carrega consigo um saco de perguntas – umas sobre o passado, outras sobre o presente, e muitas interrogações sobe o futuro. O novo contexto relacional familiar deverá ter uma função contentora e de resposta, para que não enfrente sozinho todos estes pontos de interrogação. Nesses casos, o contexto terapêutico pode ser, sem dúvida, uma ajuda importante.

 

Daniela Rita
Psicóloga 

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