O Sarampo é uma doença viral extremamente contagiosa, que costuma causar febre, conjuntivite e sintomas respiratórios no início do quadro, e depois de 3 a 4 dias manchas vermelhas pelo corpo que chamamos de exantema. O período de maior transmissão ocorre entre 4 dias antes do surgimento do exantema e 4 dias após. Embora a maioria das crianças apresente melhora depois dessa fase, algumas pessoas, ao contrário, apresentam complicações decorrentes do próprio vírus ou de bactérias que aproveitam a situação de queda de imunidade da pessoa infectada. As complicações vão desde pneumonia e otite até quadros neurológicos e óbito, e são mais comuns em crianças abaixo de 2 anos, idosos e imunodeprimidos.
A boa notícia é que o Sarampo é uma doença prevenível! Quando cerca de 95% da população está vacinada, mesmo que o vírus circule no país trazido de fora, por exemplo, ele não encontra hospedeiros desprotegidos para infectar, e por isso não consegue se espalhar! Durante anos o Brasil se esforçou para manter essa alta cobertura e chegamos a passar um período sem circulação do vírus no nosso país. Porém nos últimos anos a queda da cobertura vacinal, atrelada à chegada de imigrantes vindos de países com condições de saúde e imunização precárias, e ainda a movimentos anti-vacina pelo mundo, nos colocou numa situação de risco, em que o vírus encontra bolsões de indivíduos suscetíveis e rapidamente se espalha, a exemplo dos surtos atuais em Roraima e no Amazonas.
E sobre a vacina?
Duas doses da vacina feitas a partir de 12 meses de vida, com intervalo mínimo de 30 dias entre elas, são suficientes para garantir proteção considerável por toda a vida! A vacina é feita a partir do vírus enfraquecido, e está inclusa na tríplice viral, que também protege contra caxumba e rubéola, e na tetraviral, que além desses vírus protege contra a catapora. No calendário vacinal do Ministério da Saúde, as duas doses são feitas aos 12 e aos 15 meses de vida, mas caso não haja comprovação dessas doses, crianças e mesmo adolescentes e adultos até os 29 anos, têm direito a recebê-las em qualquer posto de saúde. De 30 a 49 anos o ministério disponibiliza uma dose, somente, o que não impede que aqueles interessados em fazer a segunda dose no serviço privado o façam. A população de 50 anos em diante tem alta probabilidade de já ter sido exposta ao vírus na infância, e por isso já ser imunizada naturalmente. Indivíduos de outras faixas etárias que com certeza já tiveram a doença também não precisam ser vacinados. Gestantes e pessoas que fazem uso de medicações imunossupressoras não podem receber a vacina. Alergia grave a dose anterior da vacina também é uma contraindicação, mas para caracterizar bem essa situação, é necessário discuti-la com um médico. Em algumas situações de alto risco, crianças entre 6 e 12 meses podem ser vacinadas, mas essa dose não será contabilizada, e após os 12 meses essas crianças receberão outras duas doses. Na Bahia e na maior parte do Brasil até o momento não há indicação de antecipar a vacina para essa faixa etária!
O que fazer então?
Quem tem duas doses registradas realizadas após 12 meses de idade está protegido e não precisa ser revacinado. Entretanto o Ministério da Saúde escolheu como estratégia para o momento atual vacinar indiscriminadamente crianças entre 1 ano e 5 anos incompletos durante a campanha, o que significa que aquelas que chegarem ao posto de saúde já com duas doses registradas receberá uma terceira dose, desde que a anterior tenha sido feita há pelo menos 30 dias. Essa estratégia se baseia no fato de que a maior parte dos casos registrados da doença até o momento se concentra nessa faixa etária, e como medida de saúde pública visa aumentar a chance de êxito da campanha. Individualmente, apesar de segura, a terceira dose pode ser ponderada junto ao pediatra.
Crianças a partir de 12 meses, adolescentes e adultos até 29 anos não vacinados ou com apenas uma dose registrada devem procurar um posto de saúde para iniciar esquema de duas doses, ou completar esquema com a segunda dose, sempre respeitando intervalo mínimo de 30 dias entre as doses.
Adultos de 30 a 49 anos não vacinados devem procurar um posto de saúde para receber dose única da vacina; uma segunda dose no serviço privado pode ser feita e é desejável.
Adultos a partir de 50 anos não vacinados e sem história anterior de sarampo podem avaliar junto a seu médico o risco de adquirir a doença e ponderar vacinação no serviço privado.
É natural que o temor do retorno de doenças que não vemos há tanto tempo causem dúvidas e ansiedade, porém o melhor a fazer é manter a calma, não disseminar informações de fontes não confiáveis, e atualizar nossos cartões vacinais o quanto antes.