Em meio a tantas habilidades que fazem parte da nossa inteligência, temos as as funções executivas, que existem para que sejamos capazes de controlar e regular nossos pensamentos, emoções e ações. Elas são requisitadas em situações em que um nível de consciência e controle cognitivo são necessários, tais como mudanças e novos aprendizados.
De forma geral, seus principais domínios são:
Controle Inibitório (Autocontrole): A capacidade de resistir à uma tentação para poder fazer aquilo que é certo. Essa capacidade ajuda as crianças a prestar atenção, agir menos impulsivamente e a manter a concentração numa tarefa.
Memória de trabalho: A capacidade de manter as informações na mente, enquanto são manipuladas. Essa habilidade é necessária para realizar tarefas cognitivas, tais como estabelecer uma relação entre dois assuntos, fazer cálculos mentalmente e para que consigam determinar prioridade entre tarefas.
Flexibilidade cognitiva: A capacidade de usar o pensamento criativo e ajustes flexíveis para se adaptar às mudanças. Essa habilidade auxilia as crianças a utilizar sua imaginação e criatividade para resolver problemas.
Além destas habilidades, as funções executivas envolvem a capacidade de estabelecer objetivos de longo prazo, em fazer planos e ser capaz de cumprí-los, se estendendo para domínios mais complexos de regulação emocional e tomada de decisão. Estas são ativadas quando somos obrigados a reavaliar o valor afetivo/motivacional da situação, como ter que escolher uma recompensa imediata e pequena, ou grande e tardia. A isso denominamos de capacidade de atraso da consequência reforçada. Essa visão nos direciona a entender que as habilidades executivas variam quanto ao seu significado emocional.
Entendemos as funções executivas, portanto, como a capacidade de nos comportarmos de forma autônoma, intencional e planejada.
Este conjunto de habilidades são extremamente importantes para o desenvolvimento cognitivo e permitem que as crianças lidem melhor com seu ambiente em constante mudança. Em Neurociências, as funções executivas são reconhecidas atualmente, como melhor preditor de desempenho escolar, de aprendizado e ajustamento emocional e social, quando comparadas com a inteligência geral.
Prejuízo no funcionamento executivo é uma característica de vários distúrbios tais como TDAH, Transtornos de aprendizado, Autismo e Depressão. Além disso, os problemas associados ao funcionamento executivo nos primeiros anos de vida persistem ao longo da infância e da adolescência, quando não diagnosticados e tratados. Em contrapartida, o tratamento precoce, através de programas específicos de intervenção para o treinamento e desenvolvimento destas habilidades podem fazer toda diferença na vida da criança.
Dra. Andrea Bahia
Neuropsicóloga