Infecções na primeira infância

1 de junho de 2016

Muitos pais passam sufoco nos primeiros anos de vida escolar da criança, pela alta frequência com que seus filhos adoecem nessa fase. “Meu filho passa mais tempo longe da escola do que na sala de aula”, ” Será que ele tem problema de imunidade?”, “Esse é o terceiro antibiótico que ela usa este ano!”. Esses são comentários comuns escutados nos consultórios e emergências pediátricas.

De fato, a entrada na escola ou na creche costuma coincidir com um período em que os anticorpos transmitidos da mãe pro bebê durante a gestação já foram clareados e a convivência com outras crianças expõe o sistema imune a uma infinidade de microorganismos com os quais nunca houve contato prévio. Alguns passam despercebidos e outros tantos geram sintomas, como febre, diarreia, manchas no corpo e sintomas respiratórios.

Num primeiro momento é importante buscar pistas na história e no exame clínico que ajudem a diferenciar a causa do quadro. Raramente haverá necessidade de exame laboratorial. A grande maioria dos episódios infecciosos da infância é de origem viral, nos quais o uso de antibióticos não interfere na evolução. Embora o diagnóstico de “virose” e a orientação de esperar que o quadro se resolva espontaneamente muitas vezes gerem angústia, se a infecção é mesmo viral, esta é a conduta mais acertada.  O uso de antibióticos sem o devido critério expõe a criança a seus efeitos adversos e altera a flora normal do organismo, um desequilíbrio que pode gerar novos sintomas e doenças ao invés de ajudar. Para completar, o prejuízo também se reflete na comunidade onde as bactérias cada vez mais resistentes aos antibióticos, se tornaram um grande desafio!

Se a criança tem episódios repetidos de infecção, o acompanhamento rotineiro e cuidadoso do pediatra junto ao especialista é fundamental para para caracterizar se o adoecimento frequente faz parte de um padrão normal numa criança saudável, ou direcionar uma investigação de doenças que exijam tratamento específico.

Às vezes não há como evitar uma consulta no pronto atendimento. Mas idas recorrentes à emergência acabam levando a coletas repetidas de exames, exposição a outras doenças, estresse para toda a família e prescrições de antibióticos além do necessário. Quando um mesmo profissional acompanha a criança, fica mais fácil interpretar o processo de saúde e doença. Frequente o pediatra!

 

Mariana Rodamilans
Infectologia Pediátrica e Pediatria
CRM-BA 23499

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